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Volume 33, N° 2 - julho-dez 2013

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Karl Monsma

Resumo

Os campeiros escravizados nas estâncias de criação de gado no Rio Grande do Sul no século XIX trabalhavam a cavalo, armados
e sem fiscalização constante em uma região perto de fronteiras internacionais, o que certamente facilitava sua resistência,
especialmente as fugas. A evidência examinada aqui sobre as relações entre os senhores e estes cativos confirma aspectos
centrais do argumento de James Scott, mostrando que a maioria desses escravos não acreditava que seu cativeiro fosse justo
e que a resistência cotidiana e de pequena escala proporcionava melhorias nas suas condições materiais e simbólicas de vida.
Entretanto, a evidência não é totalmente coerente com outro argumento de Scott, segundo o qual a deferência dos subalternos
é simplesmente fingida e as exigências deles são formuladas dentro da lógica hegemônica por motivos puramente estratégicos.
Os campeiros cativos não se rebelavam ou evadiam a cada oportunidade que aparecia. A evidência sugere que, dado a existência
da escravidão, eles reconheciam as normas e obrigações morais que haviam se desenvolvido ao longo do tempo para regular
as relações entre senhores e cativos. Essas normas implicavam obrigações de ambos os lados e, em muitos casos, constituíam a
melhor maneira de limitar a brutalidade dos senhores ou capatazes e de ganhar algumas melhorias dentro do sistema. Existe
uma diferença importante entre a legitimidade de um sistema de dominação e a autoridade de indivíduos com poder dentro
do sistema. Como indivíduos, os senhores podiam ganhar o respeito dos cativos pelo tratamento relativamente decente e
pela distribuição de favores. Os escravos estavam enredados em uma teia de relações pessoais de poder que minavam sua
solidariedade, separando e individualizando-os, premiando a lealdade a senhores específicos e punindo a rebeldia.


Palavras-chave: Resistência Cotidiana; Dominação; Rio Grande do Sul.

 
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